Pois é, meritíssima, li recentemente seu misto de desabafo, crítica e desafio, ao exigir em pronunciamento respeito aos juízes do País. Ok, em condições normais de tempo e temperatura eu juro que concordaria ipsis litteris com sua queixa, principalmente se considerar o interlocutor não identificado mas muuuuito conhecido a quem a senhora em especial se dirigiu. Mas aí me lembrei de algumas coisinhas.
Há cerca de duas décadas eu movi uma ação indenizatória em face de uma construtora, que achou normal atrasar quatro anos a entrega de um imóvel que comprei na planta. A esses quatro anos somaram-se mais 14 de processo, mas o que de fato me chamou a atenção foi a postura do magistrado. Nas audiências eu era ‘cortado’ logo ao início de minhas explanações, mas achei lindo o juiz se debruçar sobre sua bancada para melhor ouvir o advogado da grande construtora do lado de lá. Perdoe a falta de respeito, mas achei esquisito.
Nos últimos anos os escândalos envolvendo o GRES Unidos da Toga e seu costume feio de vender sentenças ocupou os principais jornais do Brasil, e foi reconfortante saber que todos foram devidamente processados e punidos. Até hoje eles devem se morder de remorsos porque, cá pra nós, receber uma aposentadoria integral como punição deve ser pior que as chibatadas que o mulherio recebe no oriente médio por mostrar os cílios sem autorização do marido.
Mas tem gente que não sabe respeitar mesmo, né? Teve até aquela agente de trânsito atrevida, que duvidou da santidade divina do togado sacrossanto e descobriu na prática e no lombo seu atributo da onipotência. Ficou por isso mesmo, né? Pra ele.
Eu poderia falar também daquela juíza do Pará que botou uma moça de 16 anos numa cela com dezenas de taradões (e deu no que deu, com o perdão do trocadilho) e foi punida com dois anos de férias remuneradas, ou do juiz candango que determinou o uso de técnicas de tortura contra perigosíssimos estudantes menores de idade. Coisa linda, né?
Acho que também esse caso deveria ficar por isso mesmo, até porque há o princípio da isonomia que devemos todos defender.
Fato é que soa estranho fazer discurso melodramático exigindo respeito a essa casta. Juízes são pessoas, são cidadãos e cidadãs que devem respeito e obediência às leis e normas, não estão nem devem estar acima delas. Se querem respeito, que façam por merecê-lo, e até me atrevo a dizer que a senhora poderia vigiar melhor seus meninos.
Salvo engano, creio que cabe à senhora defender a justiça como instituição responsável pelo equilíbrio das relações entre as pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, fazer com que decisões sejam tomadas com base no que diz nossa Constituição, de quem é a guardiã.
No momento em que desvia a atenção para atender a uma necessidade cultural e classista a que costumamos chamar de corporativismo, tenha a certeza de que estará falhando em sua missão.
Excluindo a parte do magistrado candango, que na minha humilde opinião merece outra interpretação, aplaudo o texto(não de pé pq tô com um tal “não sei o que de calcanho”que tá me fudendo a alma.)
Tá nelvosa a minina… Escrevinhou bunitu como um auditor aposentado.
Ok, você pode discordar da ocupação de escolas pelos estudantes, mas há de concordar que utilizar recursos como “instrumentos sonoros contínuos, direcionados ao local da ocupação, para impedir o período de sono, havendo ou não menores de idade no local” na prática constitui técnica de tortura historicamente utilizada pela CIA no país dos outros. Considerando nosso passado via USAid y otras cosítas más, quando até nossos torturadores de estimação foram treinados pela agência a serviço da democracia americana, eu me permito certa preocupação. Grande abraço e saudações alvinegras.
Até que enfim apareceu por aqui né, seu cabra? Feliz pelos 4×0?